terça-feira, 3 de julho de 2012

Correio MFC 288



MFC - MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO

O que indicam estes números?

Os dados que acabam de ser apresentados pelo IBGE com respeito às religiões brasileiras no Censo Demográfico de 2010 confirmam a situação de progressivo declínio na declaração de crença católica. Os dados apresentados indicam que a proporção de católicos caiu de 73,8% registrados no censo de 2000 para 64,6% nesse último Censo, ou seja, uma queda considerável.

Catolicismo no Brasil em declínio: os dados do Censo de 2010

Faustino Teixeira
PPCIR/UFJF
Trata-se de uma redução que vem ocorrendo de forma mais impressionante desde o censo de 1980, quando então a declaração de crença católica registrava o índice de 89,2%. Daí em diante, a sangria só aumentou: 83,3% em 1991, 73,8 % em 2000 e 64,6% em 2010. O catolicismo continua sendo um “doador universal” de fiéis, ou seja, “o principal celeiro no qual outros credos arregimentam adeptos”, para utilizar a expressão dos antropólogos Paula Montero e Ronaldo de Almeida. A redução católica ocorreu em todas as regiões do país, sendo a queda mais expressiva registrada no Norte, de 71,3% para 60,6%. O estado que apresenta o menor percentual de católicos continua sendo o do Rio de Janeiro, com 45,8% (uma diminuição com respeito ao censo anterior que apontava 57,2%). O estado brasileiro com maior percentual de católicos continua sendo o Piauí, com 85,1% de declarantes (no censo anterior o registro era de 91,4%). Os dados indicam que o Brasil continua tendo uma maioria católica, mas se a tendência apontada nesse último censo continuar a ocorrer teremos em breve uma significativa alteração no campo religioso brasileiro, com impactos importantes em vários campos.
O novo censo aponta um dado que já era previsível, a continuidade do crescimento evangélico no Brasil. Foi o segmento que mais cresceu segundos os dados agora apresentados: de 15,4% registrado no censo de 2000 para 22,2%. O aumento é bem significativo, em torno de 16 milhões de pessoas. Um olhar sobre os três últimos censos possibilita ver claramente essa irradiação crescente: 6,6% em 1989, 9,0% em 1991, 15,4% em 2000 e 22,2% em 2010. O Brasil vai, assim, se tornando cada vez mais um país de presença evangélica. Há que sublinhar, porém, que a força desse crescimento encontra-se no grupo pentecostal, que é o responsável principal por tal crescimento, compondo 60% dos que se declararam evangélicos (nada menos do que 13,3% de todo percentual evangélico diz respeito aos pentecostais e 4,8% aos de origem evangélica não determinada). Os evangélicos de missão não registram esse crescimento expressivo, firmando-se em 18,5% da declaração de crença evangélica.
Os “sem religião”, que no censo de 2000 representavam a terceira maior declaração de crença no Brasil mantiveram o seu crescimento, ainda que em ritmo menor do que o ocorrido na década anterior. Eles eram 7,28% no censo de 2000 e subiram agora para 8% (um índice que comporta mais de 15 milhões de pessoas), e o seu registro mais significativo continua sendo no Sudeste.Esse crescimento não indica, necessariamente, um crescimento do ateísmo, mas uma desfiliação religiosa, um certo desencanto das pessoas com as instituições religiosas tradicionais de afirmação do sentido. Reflete um certo “desencaixe” dos antigos laços, como bem mostrou Antônio Flávio Pierucci em suas pesquisas.
Os espíritas também seguem crescendo. Os dados do censo de 2010 indicam um crescimento importante, com respeito ao censo anterior: de 1,3% para 2%. São agora cerca de 3,8 milhões de adeptos declarantes. Trata-se do núcleo que tem os melhores indicadores de educação, envolvendo o maior número de pessoas cm nível superior completo (31,5%). Os dados apontados pelo censo são importantes, mas há que lembrar a presença de uma “impregnação espírita” na sociedade brasileira que escapa à abordagem  estatística. Isso os estudiosos do espiritismo têm mostrado com pertinência. As crenças e práticas espíritas têm uma alta “ressonância social”, transbordando a dinâmica de vinculação aos centros espíritas.
Quanto às religiões afro-brasileiras, tanto a umbanda como o candomblé mantiveram-se no eixo de 0,3% de declaração de crença. Não houve mudança substantiva com respeito ao censo anterior, que indicava a porcentagem de 0,26% para a umbanda e 0,08 para o candomblé.
Com respeito às outras religiões, permanecem com uma representatividade pequena que em sua soma geral não ultrapassa 3,2% de declaração de crença. Mantém-se viva a provocação feita por Pierucci em artigo escrito depois do censo de 2000 sobre a diversidade religiosa no Brasil, de que o Brasil continua hegemonicamente cristão, e a diversidade religiosa – ainda que em crescimento -, permanece apertada em estreita faixa um pouco acima de 3% da declaração de crença. Com base nos dados do censo agora apresentado, os cristãos configuram 86,8% da declaração de crença. Não há dúvida que isso pode ser problematizado com a questão complexa da múltipla pertença ou então da malha larga do catolicismo, que envolve, como diz Pierre Sanchis a presença de “muitas religiões” em seu interior.


 Os “Anos de Chumbo” e a “Casa da Morte” (I)
Os Centros de Tortura e Extermínio do Rio e Petrópolis
Helio Amorim*


Imóvel em Petrópolis foi usada como aparelho da repressão militar na ditadura e ficou conhecido como “Casa da Morte”
Foto: O Globo / Custódio Coimbra
Casa em Petrópolis foi usada como aparelho da repressão militar na ditadura e ficou conhecido como “Casa da Morte”
Carrascos atormentados começam o seu confiteor. Já sabíamos mas precisávamos da revelação de autores de torturas, com nomes divulgados pela grande imprensa, como castigo incruento mas seguramente doloroso de uma fama vergonhosa para a posteridade. 

Paulo Malhães, o "Doutor Pablo", desempenhava com frieza e competência sua função de torturador de presos políticos, inicialmente levados para a carceragem do I Exército na rua Barão de Mesquita, na Tijuca (Rio) onde funcionava o DOI, a gestapo brasileira dos anos 70. Usava cinco filhotes de jacaré e uma jiboia para torturar os presos.

O tenente-coronel, hoje com 74 anos, na época lotado no DOI (sigla sinistra e significativa do Destacamento de Operações de Informações: dói!), disse que os animais eram dele e foram capturados no Rio Araguaia, na Região Amazônica, durante a campanha militar contra a guerrilha do PCdoB. Depois de torturas violentas e intermináveis, o preso que não abria a boca, era levado para um aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) em Petrópolis.

Na literatura dos anos de chumbo, o lugar ficou conhecido como “Casa da Morte”, de onde só teria saído com vida um dos mais de 20 presos políticos que passaram por lá, a ex-militante da VAR-Palmares e VPR Inês Etienne Romeu, ainda viva. Nessa casa o prisioneiro ficava isolado, passava por uma terapia quimiopsicológica sofisticada, para aderir ao sistema. Dos cerca de vinte que passaram por Petrópolis, só Inês escapou, depois de três meses de cativeiro, encenando uma falsa adesão. Não deu certo. Continuou presa depois de confirmada a farsa, mas escapou da morte. Os outros não escaparam.

Depois de assassinados, eram sucessivamente esquartejados e incinerados. A estúpida equipe de torturadores: Félix Freire Dias (o esquartejador), Ubirajara Ribeiro de Souza, Os oficiais (capitães, majores, coronéis) Freddie Perdigão Pereira, Rubens Paim Sampaio (fez o que tinha que fazer, informa sua esposa),José Brant Teixeira, Éber Teixeira Pinto, Riscala Corbage, Ricardo Agnese Fayad, Ailton Guimarães Jorge (o violento criminoso Capitão Guimarães),Amilcar Lobo (o médico que assistia as torturas para evitar que o torturado morresse antes de confessar), Jurandyr Ochsendorf e Souza, o cabo Severo Ciríaco, Orlando de Souza Rangel (delegado da PF), e a raia miúda: Luís Cláudio Azeredo Viana, Luís Timóteo de Lima, Antonio Freitas da Silva. Como não podem ser presos, que sejam conhecidos por suas especialidades profissionais.


Penas maiores para a exploração sexual de menores


A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, em decisão terminativa, nesta quarta-feira (27/06/12), projeto de lei (PLS 495/2011) do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) que amplia a punição pela exploração sexual de crianças e adolescentes. Se não houver recurso para votação pelo Plenário do Senado, a matéria seguirá direto para a Câmara dos Deputados.
A proposta altera o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) para estabelecer pena de reclusão de 6 a 12 anos para quem submeter menores a prostituição ou explorá-los sexualmente. Hoje, essa punição vai de 4 a 10 anos. A pena ampliada também será aplicada a quem facilitar ou estimular essas práticas pela internet. Brasília, 27/06/2012, Agência Senado.

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