segunda-feira, 28 de outubro de 2013

AUDIÊNCIA PÚBLICA EM COMEMORAÇÃO AOS 45 ANOS DO MFC
DATA: 31/10/13
LOCAL: CÂMARA DE VEREADORES
HORÁRIO: 19:30h

CONTAMOS COM VOCÊ, VAMOS LOTAR A CÂMARA.

Correio MFC 341

As ruas seguem nervosas
Helio Amorim
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As táticas dos mascarados são insidiosas, dissolvem-se na massa como fermento que faz crescer o bolo. Agora se apoderam de grife internacional que a mídia acolhe e divulga, garantindo um charme sinistro na quebradeira: sãoblackblocs, assim batizados à revelia pela mídia para inseri-los em movimento maior internacional, vestem-se de preto, aparentemente sob comando difuso e anônimo das redes sociais. Esse contingente enlouquecido dá o tom da partitura insana. Não têm reivindicações nem discursos, nada propõem, apenas destroem e quebram vitrines, caixas de bancos, sinais de trânsito, queimam carros e ônibus mas sequer transpiram reivindicações.
A repressão policial se manteve tímida por meses, sem encontrar nos seus manuais instruções para ações eficazes contra os infiltrados. Somente nestes dias há sinais de novas estratégias de comando, com cerco e prisão de grande número de manifestantes portadores de paus e pedras, ferramentas de destruição de vitrines e depredação de equipamentos urbanos.
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As manifestações são legítimas mas vulneráveis a infiltrações
Reverter esse quadro é extremamente difícil. Será preciso contar com o apoio dos próprios manifestantes legítimos que lutam pelos seus direitos. A estes cabe adotar táticas inteligentes para isolar o joio que sufoca o trigo. É possível que as prisões que agora começam produzam efeitos. Famílias dos presos mobilizam advogados para libertar seus filhos tardiamente. Já encontram os meninos e meninas devidamente fichados e processos policiais iniciados, sem retorno.
Se configurado caso a caso a formação de quadrilha nesses episódios, a prisão é agora inafiançável. Os presídios já recebem os primeiros hóspedes. Dor de cabeça para os pais pelos próximos anos e risco fatal em reincidências de maus comportamentos.
Na margem oposta, os governantes devem convidar os manifestantes para diálogo aberto e honesto, expondo-se a críticas e vaias, discursos ferozes, acolhidos com robusto respeito democrático para que as contestações sejam ouvidas e compreendidas. Se há limites insuperáveis para o atendimento de reivindicações, sejam apresentadas demonstrações claras e insofismáveis, com números e argumentos compreensíveis.
Abram-se gabinetes e formem-se comissões de negociações transparentes que possam vasculhar os dados dos orçamentos públicos para a busca das melhores soluções viáveis. A movimentação das ruas ajudará a motivar esse entendimento que se faz em mesas de negociação: não é no calor da passeata que as soluções se concretizam. Podem mesmo dificultar, pelas infiltrações e destruição selvagem, o desarmamento de espíritos para que o racional comande o emocional da busca da paz possível.
Cabe também valorizar mais os sindicatos dos manifestantes, como legítimos portadores de representação para negociações, com apoios jurídicos e políticos, que complementam o cenário das ruas. Essas estruturas sindicais existem para isso, mas dependem da atuação persistente de seus parceiros trabalhadores nas suas assembleias e convenções, para que não se deixem sufocar pela acomodação e carreirismo na militância sindical. Também nesses espaços, é preciso vivenciar a democracia e exorcizar o “peleguismo”.
Winston Churchill, primeiro ministro britânico durante a segunda guerra mundial, disse que “a democracia é o pior dos regimes, exceto todos os outros”... Portanto, vamos seguir usufruindo essa riqueza que nos foi roubada durante 21 anos de escuridão.

INSISTINDO...
Há poucos dias o papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornal italiano La Repubblica, na qual afirmava que a Igreja é "vaticanocêntrica”. Salvo engano, com tal afirmação o papa queria falar de uma Igreja voltada totalmente para si mesma, sem suficiente abertura para a missão e para os sinais dos tempos.

Celibato forçado

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(Extraído de texto mais extenso do autor)

Queria também falar da máquina burocrática vaticana que emperra tudo, que tudo concentra e não responde às urgências do momento. Vivendo para si mesma a Igreja se distancia do Evangelho e da proposta de Jesus.

Transformada em uma burocracia, a Igreja deixa de ser sensível aos apelos de Deus, que se apresentam em tantas questões que esperam por soluções urgentes. E tais soluções não devem ser tomadas por uma questão de modismo, ou porque existem reivindicações em muitas partes do mundo. Devem ser tomadas para que a Igreja cumpra mais fielmente a sua missão no momento atual.
Entre os tantos problemas que exigem uma solução urgentíssima está o celibato forçado para os padres diocesanos da Igreja Católica Apostólica Romana de rito latino. Na Igreja Católica Romana de rito oriental esse problema não existe: os padres podem se casar. O que prova que a hierarquia da Igreja Romana usa de dois pesos e de duas medidas. É injusta com os padres de rito latino.
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Sabemos que até o século XII existiam padres casados na Igreja Católica de rito latino, os quais conviviam tranquilamente com os colegas que livremente tinham optado pelo celibato. Na Igreja do Novo Testamento temos o testemunho de que existiam ministros casados e ministros celibatários.
Pedro, considerado pela Igreja Católica o primeiro papa, era casado (Mc 1,29-31). É verdade que inventaram uma história de que ele era viúvo, mas isso não tem nenhum fundamento bíblico e histórico. Pelo contrário, segundo um depoimento do apóstolo Paulo (1Cor 9,5), tudo indica que Pedro e os demais apóstolos levavam suas esposas em suas viagens missionárias. Tentaram minimizar esse dado, dizendo que se tratava de mulheres cristãs que seguiam os apóstolos. Mas nada nos impede de pensar que as mulheres mencionadas por Paulo eram as esposas dos apóstolos. A única exigência encontrada no Novo Testamento é que o ministro ordenado, inclusive o bispo, seja "marido de uma só mulher” (1Tm 3,2).
O padre e psicólogo norte-americano Donald Cozzens, em seu livro Liberar o celibato (Loyola, 2008), nos traz uma longa lista de papas e bispos famosos que eram casados. O papa Sisto era filho de um padre; o papa Dâmaso I era filho de um bispo. O papa Inocêncio I era filho do papa Santo Anastásio. O papa Hormisdas teve um filho que se tornou papa e santo: São Silvério. O último papa casado foi Adriano II que governou a Igreja entre os anos 867-872. Convém chamar a atenção para o fato de que esses papas e bispos eram casados e tiveram filhos não porque tenham violado a lei do celibato ou porque eram viúvos. Simplesmente porque naquele período era normal o casamento de ministros ordenados. O celibato forçado para todos os padres da Igreja Católica se tornou obrigatório a partir do Segundo Concílio de Latrão (1139). (...)
Quando no século XII a missa passou a ser diária, e não apenas no domingo, o dia do Senhor, e o padre obrigado a celebrá-la todos os dias, a lei da continência perpétua tornou-se obrigatória para todos os padres do rito latino. A relação sexual passa a ser vista como uma coisa suja, intolerável para um padre. Após a determinação do segundo concílio de Latrão passou a vigorar o princípio absoluto de que "omnis coitus immundus est”, ou seja, "todo coito é imundo”. (...)
A coisa não foi adiante pelo simples fato de que era preciso continuar com a procriação da espécie humana. E como a procriação naquela época não podia ser feita de outra maneira, concordou-se em "tolerar” o matrimônio e dentro dele a relação sexual.
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Fica, então, bem evidente que o celibato forçado para os padres da Igreja Católica possui uma motivação inicial absurda, que não pode ser mais aceita no mundo de hoje. Por trás do celibato obrigatório está uma visão maniqueísta do sexo e da relação sexual. (...) A razão verdadeira da manutenção até hoje do celibato obrigatório é maniqueísta, pagã e absurda. Sem nenhum
fundamento bíblico e na contramão da praxe da Igreja do primeiro milênio.
Existem, pois, razões teológicas muito sérias para se abolir, o quanto antes, esta lei absurda da continência obrigatória para os padres. A principal delas é o fato de que a manutenção dessa lei impede que homens chamados por Deus tanto para o casamento como para o ministério possam servir à Igreja como ministros ordenados. (...)
Aceitar padres casados não significa desvalorizar o celibato. O celibato, como opção livre "pelo Reino” (Mt 19,12), continuará tendo todo o seu valor e deverá ser estimulado, estimado e amado, inclusive pelos padres casados. Aqueles que movidos por um carisma do Espírito querem permanecer celibatários, não só poderão como deverão viver nessa condição.
Não haverá nenhum problema que convivam num mesmo presbitério diocesano padres celibatários e padres casados. Provavelmente surgirão novos desafios para essa convivência na diversidade dos dons do Espírito. Mas a Igreja não pode continuar mantendo uma disciplina absurda e antievangélica apenas por medo de problemas. Isso seria covardia, frouxidão e uma explícita tentativa de extinguir o Espírito de Deus.
Portanto, esta medida absurda deixa a Igreja atrasada em quase mil anos. Um tempo longo demais e no qual a Igreja Católica Romana colocou um empecilho jurídico à liberdade divina de chamar homens casados para o presbiterado e para o episcopado. Não podemos continuar extinguindo o Espírito de Deus. É urgente mudar para nos conformarmos com os desígnios divinos e com o Evangelho de Jesus.