Na Vida religiosa a palavra "pertença" não deve ser usada com
o significado corriqueiro do verbo "pertencer". Para nós, pertença
não é apenas o ser parte, é mais, é principalmente fazer parte ativa. Está
relacionada a uma ideia de enraizamento, de integração e interação plenas, em
que o indivíduo constrói e é construído, em que se sente "vento" e
"vela", em que planeja e também se vê parte de um projeto, em que
modifica e é modificado. O Religioso pode ser numa ocasião, o agente que dá
força, dá ânimo, auxilia, suporta outro confrade e, em outra ocasião, é ele
próprio que, necessitando do mesmo tratamento, o recebe de seus pares. Assim,
às vezes é “vento’, outras vezes é “vela”.
Os que estão repletos do "espírito de pertença" comungam do
mesmo propósito, seguindo o exemplo das primeiras comunidades cristãs: “A
multidão (...) era um só coração e uma só alma...” (At 4,32).
Embebidos pelo espírito de pertença, os Frades têm o desejo de
ver outros confrades recebendo às mesmas graças que as Fraternidades têm
derramado sobre eles. O seu ideal é promover o
fortalecimento e a expansão do Instituto, e para isso trabalham no sentido
de vê-lo crescer e de surgirem novas Fraternidades. Estão animados por um ideal
comum e desejam com alegria o que é bom para todos.
A primeira característica de quem está cheio do
espírito de pertença é o seu desejo de servir desinteressadamente como ensinou
Jesus (Mc 10, 45); ser cristão é assumir como lema de vida o serviço aos
irmãos.
O espírito de pertença está fortemente relacionado ao serviço, à doação
de si aos outros confrades e ao Instituto. As Fraternidades nos dão muitas forças e
quem entende isso passa também a querer dar aos demais o que tem recebido. Na
sua primeira carta Pedro exorta os irmãos: "Todos vós, conforme o dom que
cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus" (1 Pd 4,10). Dessa forma
torna-se possível dizer: Eu pertenço ao INSTITUTO Missionário Servos do Senhor,
dele me nutro, a ele me doo.
A pertença também anda ao lado da fidelidade. Esta fidelidade é
indissociável da responsabilidade que deve ter todo Frade em relação ao
INSTITUTO. Em qualquer nível é a fidelidade que identifica o sentimento de
pertença a esta Família Religiosa. Como na parábola dos talentos, o
Instituto precisa de Frades fiéis. A estes será dada a devida
recompensa:
"Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na
administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da
alegria do teu senhor!" (Mt 25, 21). Se o Frade enterra o talento
recebido, que ocupação terá, já que abandonou o seu instrumento de trabalho?
Se a pertença é serviço e fidelidade, o serviço e a fidelidade são o
Amor. Não existe amor maior do que doar a sua vida pelos amigos ( Jo 15, 13).
É dedicando a sua vida e doando do seu amor que se pratica a pertença e,
por sua vez, essa atitude nos faz receber amor de volta. Santo Agostinho nos
diz que "só o amor conhece o segredo
de enriquecer cada vez mais a si mesmo dando aos outros”.
A pertença, portanto, implica no amor ao INSTITUTO. Compromisso,
ação, fidelidade e zelo são suas palavras chave. É com essa
compreensão que o Frade Servo do Senhor diz: O Amor me compromete me faz parte
ativa, me torna fiel, me torna responsável. E como desdobramento ele exala a
pertença dizendo: Eu entendo a mística (espiritualidade), vivo o carisma,
adoto a pedagogia, sigo as regras, participo dos eventos, aceito os encargos.
Em Cristo e Maria, Mãe
e Serva,
Dom José Edson Santana Oliveira
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